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A beleza acústica das flores

A cor de uma margarida, o perfume de uma rosa e a elegância de um orquídea não existem para agradar aos seres humanos. Flores deslumbrantes surgiram para atrair a atenção dos insetos, que, em troca de um gole de néctar, transportam seu pólen.

O fato de gostarmos de flores demonstra que nosso senso estético tem mais em comum com o dos insetos do que gostamos de admitir. Mas existem plantas que, em vez de recrutar insetos, utilizam morcegos para transportar seu pólen. Apesar de mais raros que os insetos, esses mamíferos voam distâncias maiores, permitindo que as plantas façam sexo com parceiros distantes.

Faz tempo que os cientistas se perguntam como as plantas conseguem atrair morcegos, que voam no escuro e quase não utilizam a visão. Agora, esse segredo foi descoberto.

Flores são os órgão sexuais das plantas superiores (pense nisso antes de amputar uma rosa e colocá-la num vaso). Geralmente, elas produzem os gametas masculinos, chamados de pólen (o equivalente aos nossos espermatozoides), e o gameta feminino, chamado de óvulo. Para evitar autofertilização, a produção de pólen e óvulos ocorre em momentos distintos da vida de uma flor. Assim, para fazer sexo, as plantas precisam enviar seu pólen até a flor de uma planta vizinha. Como plantas não caminham pela floresta, o transporte do pólen é feito pelo vento, por insetos ou morcegos.

Nas florestas de Cuba vive uma das plantas que utilizam um morcego para transportar pólen. Como era de se esperar, as flores da Marcgravia evenia não são lindas ou perfumadas, mas são adoradas pelos morcegos. Faz tempo que os botânicos descobriram que essa planta exibe folhas modificadas ao redor da flor. Da mesma maneira que as margaridas possuem folhas modificadas, de cor amarela, ao redor do centro da flor, a Marcgravia possui folhas com forma de antenas parabólicas ao redor das flores. Instigados pelo formato das folhas e pelo fato de as partes internas dessas folhas modificadas estarem sempre voltadas para a direção utilizada pelos morcegos para se aproximar, os cientistas imaginaram que talvez essas antenas tivessem a função de atrair os morcegos.

Para testar a ideia, utilizaram um equipamento que funciona de modo parecido ao sonar dos morcegos. O equipamento envia sinais sonoros semelhantes aos emitidos pelos morcegos e tem microfones capazes de captar o som refletido pelos objetos. Quando esse equipamento foi utilizado para analisar as folhas modificadas, observou-se que o formato de antena parabólica fazia com que o som se refletisse de maneira peculiar.

O sinal refletido era sempre o mesmo, independentemente do local de onde o som era emitido. Ou seja, para um morcego que estivesse nas proximidades, o sinal refletido pela folha modificada era o mesmo se o morcego estivesse se aproximando da árvore pela esquerda, pela direita, por baixo ou por cima. Além disso a folha produzia um padrão de eco especialmente fácil de ser detectado pelos morcegos, mesmo a uma grande distância, na presença de outras superfícies refletoras de som. Tudo isso sugeria que essa folha em forma de antena seria facilmente percebida e identificada pelo sonar dos morcegos, da mesma forma que uma flor vistosa e cheirosa é identificada pelos insetos.

Prova. Para comprovar essa teoria, um grupo de morcegos foi treinado a se alimentar de bebedouros pendurados em diversos tipos de árvores. Depois que os morcegos se habituaram a beber no escuro, os bebedouros foram divididos em dois grupos. No primeiro, uma folha normal foi amarrada ao bebedouro. No segundo, uma das folhas em forma de parabólica foi amarrada. Feito isso, os morcegos foram soltos. Os cientistas mediram o tempo que os morcegos levavam para localizar o bebedouro utilizando o sonar.

Eles descobriram que, no caso dos bebedouros com a folha em forma de antena, os morcegos levavam um tempo 60% menor para localizá-los. Era como se os bebedouros com antenas parabólicas brilhassem no escuro. O eco emitido provavelmente atraía de foram irresistível os morcegos. Esses experimentos sugerem que essas folhas modificadas "brilham" no sonar dos morcegos da mesma forma que as cores das flores brilham no sistema visual dos insetos.

Como não possuímos sonar, é impossível apreciarmos a estética sonora dessas plantas e compartilhar com os morcegos o prazer de ouvir o eco de plantas auditivamente tão belas. Quem me dera poder ouvir flores nas florestas de Cuba.

Fonte: Flor Moments





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